A crise quando chega é para todos, mesmo para os grandes, certamente para felicidade do PCP

Este foi um dos anos em que me  deu para ser previdente com os presentes de Natal e lá fui eu ontem, dutifully, às compras enquanto o meu filho ficava para jantar em casa da Avó. Chegada ao El Corte Inglés e com inúmeros presentes para embrulhar no Gourmet, uma das senhoras que diligentemente fazia os embrulhos desculpava-se (muito simpaticamente, refira-se) a uma outra cliente (que reclamava da demora pouco usual mesmo para a época pré-natalícia) com o facto de nos anos anteriores terem tido pessoal contratado só para os embrulhos e este ano ser apenas o pessoal de todo o ano a dar conta de todas as tarefas.

Pois, quando as vendas não são satisfatórias há que cortar nos custos (de pessoal extra para o Natal, de embrulhos com menos berloques, de compras de mercadorias feitas muito mais criteriosamente porque se tem mesmo que vender o que se compra,…). E não são só os pequenininhos.

Eu juro que vos queria dar mais dados sobre o volume de negócios no comércio a retalho, e antes de o INE ter decidido alterar o seu site tê-lo-ia conseguido. No entanto agora o INE decidiu reduzir a informação disponível online numa acertadíssima decisão de serviço público (alguém me diz para que serve actualmente o registo?! é que se veem exactamente os mesmos dados sem introduzir nada), pelo que apenas consegui consultar – e sem nenhuma possibilidade de ver a evolução mensal – o índice de volume de negócio no comércio a retalho corrigido da sazonalidade e deflaccionado, agregando produtos alimentares e não-alimentares de Setembro de 2007: 107,20 (sendo 100 Janeiro de 2000).

Graças a um pdf do INE que guardei no ano passado, posso-vos dar uma comparação: em Junho de 2006 o mesmo índice corrigido dos dias úteis e da sazonalidade (que espero seja o mesmo que o anterior, uma vez que em 2006 a correcção da sazonalidade continha a correcção dos dias úteis) estava nos 103,60; em Setembro de 2007 estava nos 105,5; em Junho de 2005 estava nos 108,9. Parece que estamos melhor em Setembro de 2007 do que em Junho de 2006. Felizmente. É que em Junho de 2006, analisando os índices brutos do volume de negócio do comércio a retalho, como eu prefiro, para a mesma base 100=Janeiro de 2000 – e Janeiro é a ressaca do Natal e um dos piores meses do ano em termos de volume de negócio no comércio – tínhamos 119,1 para o comércio de produtos alimentares e 100,9 para os bens não-alimentares. Se deflaccionarmos, os índices tranforma-se respectivamente em 106,7 e 92,4. A boa notícia é que em Junho de 2006 e provavelmente em Setembro de 2007 nos estávamos a alimentar convenientemente. Para o resto dos produtos, em Junho de 2006 estávamos a comprar exactamente o mesmo que no pior mês do ano de há cinco períodos atrás. Que bom de Junho de 2006 a Setembro de 2007 termos crescido menos de 3,5% e de Setembro de 2005 a Setembro de 2007 esse valor ser de 1,61%!

Este resultado enche-me de quase tanta alegria (!) como ao governo o facto de este ano podermos aspirar chegar ao valor estonteante de 2% de crescimento do PIB.

(Não ler por favor nenhuma defesa de aumento do consumo não sustentável neste post.)

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2 respostas a A crise quando chega é para todos, mesmo para os grandes, certamente para felicidade do PCP

  1. hirudoid diz:

    Maria, a avaliar pelos “estreitamentos de privacidade individuais” de que tem havido notícia desde que o PM o é, desconfio que o registo sirva apenas para identificar QUEM é que anda a querer ler essas estatísticas. Tu tem cuidado!

  2. Carmex diz:

    Bem lembrado!

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