PSD

O candidato que eu preferia não venceu (para alegria do outro votante lá de casa – nas eleições gerais, que não há militantes lá por casa, pelo menos ainda não – e que deveria escrever aqui algumas linhas a demonstrar a sua alegria vitoriosa), mas também não houve catástrofe inesperada consubstanciada numa vitória de Santana Lopes (ainda assim, que gente amnésica há no PSD, que dá trinta por cento menos uns pozinhos dos votos a PSL????). Manuela Ferreira Leite não traz a renovação que seria a oportunidade de ouro do PSD, tem algumas ideias económicas excessivamente conservadoras (não concordo com a coincidência dela com o PS nas políticas fiscais), não fará a ruptura que é necessária nas políticas em Portugal; sendo comparada a Cavaco, não acredito que tenha o carisma que Cavaco revelava nas campanhas eleitorais para as várias legislativas que ganhou. Ainda assim, MFL deixa Sócrates a léguas. Não tenho qualquer reserva em escolhê-la em 2009.

Aqui vai um texto sobre a primeira mulher presidente de um grande (ou pequeno) partido em Portugal (e que não precisou de feminismos parvos de defesa de abortos ou outros “assuntos femininos” para ganhar projecção, e que teve a coragem de interromper a campanha para as directas para acompanhar a filha no nascimento de um neto, colocando as prioridades onde elas devem estar):

A sagitariana que sempre gostou de Matemática , de Pedro Correia no DN.

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4 respostas a PSD

  1. Mário diz:

    «tem algumas ideias económicas excessivamente conservadoras»

    Não utilize o «conservadoras» mas «situacionistas». O que me espanta é o espanto daqueles que não gostam que ela seja social-democrata num partido social-democrata. Numa democracia saudável é natural que exista uma esquerda como o PSD e que passe de vez enquanto pelo poder. O que não é normal é que não exista uma direita com expressividade eleitoral.

    Agora em termos mais práticos é melhor que não existam muitas expectativas em torno de MFL, supondo a sua eleição para PM. Mesmo aqueles que não concordam por aí além com as suas propostas esperam que ela imprima, se chegar a PM, uma marca de seriedade e credibilidade, mas isso não é assim tão simples. É muito mais fácil que isso aconteça na Presidência da República, que não tem funções executivas e não mexe com interesses instalados, reais ou meramente psicológicos.

    E ainda temos de ter em conta com o “desvio de esquerda”. Barroso disse que não ia aumentar os impostos e, pela mão de MFL, ocorreu o oposto. As críticas foram enormes, algo justificadas mesmo tendo em conta as contas aldrabadas do PS. Sócrates também prometeu não aumentar impostos mas também aumentou o IVA em mais 2 pontos. Mas agora isto já foi sentido como mais compreensível, e vejo muita da direita, pelo menos na blogoesfera, mais irritada com o PSD do que com o PS para acções idênticas.

    Juntemos a isto, só para não me alongar, o Bloco de Esquerda. Ficaram praticamente num limbo durante os 2 primeiros anos de Sócrates no poder, só agora despertam. Alguém acredita que vão dar também 2 anos de estado de graça a MFL? O BE não é uma ameaça de fazer-se poder mas o seu poder de corrosão é enorme e muito, muito subestimado. E com o PS novamente na oposição, vai reforçar, pela calada, as posições do BE, ajudados ainda pelo típico anacronismo do PCP que fará parecer o resto da extrema-esquerda (o PS na oposição é extrema), por comparação, sensata.

    Em suma, MFL no poder vai ter de enfrentar a inércia da função pública, os sindicatos, um BE novamente cheio de fundos para comprar outdoor de 8m no centro das grandes cidades a protestar contra o governo, um PS em que Sócrates ou o seu sucessor vão ter um discurso de Mário Soares/Manuel Alegre, as directrizes da EU, uma situação económica internacional nada boa, as pessoas sem esperança e ânimo…

    Para enfrentar isto seria necessário uma MFL com uma competência e um carisma arrebatadores, que conseguissem mobilizar todo o país. Essa MFL não existe. Não nos iludamos, nos tempos que correm o poder é para os Sócrates e sócretinos oportunistas. Gente sem escrúpulos que vai varrendo o lixo para debaixo do tapete e domina as técnicas de marketing para conseguir apresentar sempre a face iluminada da moeda. Eles sabem que estão a ajudar a criar uma bomba relógio, mas como a têm na mão e sabem do seu estado podem sempre sair um pouco antes de rebentar (alguém se lembra da fuga de primeiros ministros portugueses do poder?). E quando ela rebentar estarão retirados ou na oposição e ainda terão a audácia de criticar os infelizes que receberem o negro testemunho.

  2. Carmex diz:

    Sim, conservadoras foi usado nesse sentido: conservar o estado actual da fiscalidade.

    O grande problema do PSD é que não tem um eleitorado de esquerda, de facto, mas está tão condicionado com as regras bem-pensantes dos pseudo-intelectuais do pós-25 de Abril que não consegue assumir que é um partido de centro-direita. E quando chega ao poder (como com Durão Barroso) faz reforminhas envergonhadas, a pedir licença, com medo que o considerem reaccionário (veja-se a desgraça que foi o novo código laboral de Bagão Félix). Por isso é que eu teria gostado da vitória de Pedro Passos Coelho.

    Mas MFL continua a ser muito melhor do que Sócrates, mesmo que as políticas sejam iguais, que não me parece. O BE e o PS canibalizam-se, uma vez que socialmente vão buscar votos aos mesmo eleitores, e se um sobe nesses eleitores, o outro desce; com o PS na oposição o BE encolhe.

  3. Mário diz:

    «com o PS na oposição o BE encolhe.»

    Eleitoralmente. Mas a grande perigo do BE não é o que faz no parlamento mas a promoção das causas suas ‘cá fora’ com a ajuda dos media.

  4. Carmex diz:

    Sim, aí tem razão. Além disso, o BE tem a mesma projecção mediática com 10 deputados ou com 2.

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