É por estas e por outras que não embarco e, muito provavelmente, nunca embarcarei em relativizações de culturas e hábitos autóctones de seja lá onde for, que não culpo “o Ocidente” e menos ainda Bush pela selvejaria dos muçulmanos. É também por esta e por parecidas que sempre simpatizei com a Clitemnestra e acho que Agamemnon teve a morte que merecia pelo que fez a Ifigénia.
“Leila abatida a tiro após denunciar morte da filha
No DN.
Carmex,
100% de acordo mas acho que era de acrescentar que o facto de os fanáticos do outro lado serem maus não iliba os do nosso lado nem a nossa responsabilidade de os conter.
Pedro, não vejo é a relevância disso nesta história. Os pecados reais e supostos dos americanos devem ser referidos quando vem a propósito, não em histórias em que o soildado americano nada fez além de falar (pelos vistos respeitosamente) com uma rapariga; se não fosse o soldado americano a rapariga seria morta por ter sorrido ao filho do homem do talho ou a outro qualquer com que se cruzasse.
O problema é que estes casos, tão banais em sociedades islâmicas, não comovem nem indignam o tÃpico ocidental. Os media não dão relevo a esta selvajaria nem sequer interessa falar muito nestes casos.
O Ocidente é muito parcial e selectivo nas suas escolhas para se manifestar.
Nuno Gouveia: pois!
Em termos terapêuticos, muitos ocidentais podiam começar por responder a esta questão:
«Depois de ter sabido de um acontecimento bárbaro ocorrido em outra cultura, qual a razão de sentir tanta necessidade de criticar a minha própria cultura e, se possÃvel, até a culpar pelas faltas alheias?»
Uma resposta que poderá surgir logo é que é uma reacção autocrÃtica, de humildade. Mas isso implicaria a existência de objectividade, o que raramente ocorre, apenas uma descarga emocional. Outra resposta é mais confiável, culpar a nossa própria cultura deriva do ódio a ela. Aproveitamos aquele momento para exprimir desagrado pelo nosso contexto, mas escondemos isso provavelmente até de nós mesmos. E quem faz isso só pode ser uma pessoa profundamente infeliz. Mais que isso, infeliz à moda dos adolescentes, que acham que o seu sofrimento é o maior de todos.
O que os irrita ao ouvirem más notÃcias de outras culturas é isso desfazer a ilusão de viverem no pior local de todos. Eles gostariam de manter a esperança que num outro local teriam mais hipótese de sair do seu estado de miséria.
Mário, também não acho nada saudável culpar a nossa cultura ocidental por todos os males do mundo. Pela razão simples de que não é culpada de todos os males do mundo. Mas acho que quem faz isso no fundo se exclui a si próprio da culpa: a culpa é “do” Bush, dos capitalistas, dos bancos, dos especuladores, dos liberais, dos war mongers, da Igreja, e por aà adiante. Tudo grupos a que o crÃtico está longe de pertencer – nem pensar! – e que pensa fazer grande bem à humanidade combatendo-os ferozmente. Isto, claro, enaquanto usufrui das benesses da sociedade que esses grupos lhe construiram.