A chatice é quando as defesas da honra masculinas custam a vida às mulheres

É por estas e por outras que não embarco e, muito provavelmente, nunca embarcarei em relativizações de culturas e hábitos autóctones de seja lá onde for, que não culpo “o Ocidente” e menos ainda Bush pela selvejaria dos muçulmanos. É também por esta e por parecidas que sempre simpatizei com a Clitemnestra e acho que Agamemnon teve a morte que merecia pelo que fez a Ifigénia.

“Leila abatida a tiro após denunciar morte da filha

Leila Hussein viu o marido asfixiar e apunhalar a própria filha de 17 anos há cerca de um mês e meio. O homem decidira que a jovem merecia morrer porque tinha desonrado a família ao falar em público com um soldado britânico em Baçorá. Incapaz de suportar a dor de dormir na mesma cama com o assassino da filha, Leila deixou Abdel-Qader Ali, não sem antes ser espancada e deixada com um dos braços partido. Fugiu e recebeu apoio de organizações não governamentais que fazem campanha contra os crimes de honra. Esperava encontrar-se com um contacto que a iria ajudar a viajar para a capital da Jordânia, Amã, a 17 de Maio. O encontro nunca aconteceu. Leila foi atingida com três tiros, disparados por desconhecidos, e morreu no hospital apesar das tentativas que foram feitas para a manter viva. “

No DN.

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6 respostas a A chatice é quando as defesas da honra masculinas custam a vida às mulheres

  1. Carmex,

    100% de acordo mas acho que era de acrescentar que o facto de os fanáticos do outro lado serem maus não iliba os do nosso lado nem a nossa responsabilidade de os conter.

  2. Carmex diz:

    Pedro, não vejo é a relevância disso nesta história. Os pecados reais e supostos dos americanos devem ser referidos quando vem a propósito, não em histórias em que o soildado americano nada fez além de falar (pelos vistos respeitosamente) com uma rapariga; se não fosse o soldado americano a rapariga seria morta por ter sorrido ao filho do homem do talho ou a outro qualquer com que se cruzasse.

  3. O problema é que estes casos, tão banais em sociedades islâmicas, não comovem nem indignam o típico ocidental. Os media não dão relevo a esta selvajaria nem sequer interessa falar muito nestes casos.
    O Ocidente é muito parcial e selectivo nas suas escolhas para se manifestar.

  4. Carmex diz:

    Nuno Gouveia: pois!

  5. Mário diz:

    Em termos terapêuticos, muitos ocidentais podiam começar por responder a esta questão:

    «Depois de ter sabido de um acontecimento bárbaro ocorrido em outra cultura, qual a razão de sentir tanta necessidade de criticar a minha própria cultura e, se possível, até a culpar pelas faltas alheias?»

    Uma resposta que poderá surgir logo é que é uma reacção autocrítica, de humildade. Mas isso implicaria a existência de objectividade, o que raramente ocorre, apenas uma descarga emocional. Outra resposta é mais confiável, culpar a nossa própria cultura deriva do ódio a ela. Aproveitamos aquele momento para exprimir desagrado pelo nosso contexto, mas escondemos isso provavelmente até de nós mesmos. E quem faz isso só pode ser uma pessoa profundamente infeliz. Mais que isso, infeliz à moda dos adolescentes, que acham que o seu sofrimento é o maior de todos.

    O que os irrita ao ouvirem más notícias de outras culturas é isso desfazer a ilusão de viverem no pior local de todos. Eles gostariam de manter a esperança que num outro local teriam mais hipótese de sair do seu estado de miséria.

  6. Carmex diz:

    Mário, também não acho nada saudável culpar a nossa cultura ocidental por todos os males do mundo. Pela razão simples de que não é culpada de todos os males do mundo. Mas acho que quem faz isso no fundo se exclui a si próprio da culpa: a culpa é “do” Bush, dos capitalistas, dos bancos, dos especuladores, dos liberais, dos war mongers, da Igreja, e por aí adiante. Tudo grupos a que o crítico está longe de pertencer – nem pensar! – e que pensa fazer grande bem à humanidade combatendo-os ferozmente. Isto, claro, enaquanto usufrui das benesses da sociedade que esses grupos lhe construiram.

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