E ofende-se o genuíno português ao ver o seu Presidente enxovalhado na República Checa! Que se vá preparando pois vêm aí mais enxovalhos… O Presidente foi ouvir lá fora aquilo que ninguém lhe diz cá dentro. Devíamos agradecer ao Presidente checo por lhe dizer directamente, cara a cara, o que precisa de ouvir: a verdade. Com a sua “cooperação estratégica” o Presidente é co-responsável pela nossa actual situação, pelo impasse em que nos encontramos.
E agora só uma pergunta incómoda. O Presidente quis desviar logo as atenções para a Irlanda. Mas a verdade é que não se ouve falar na Irlanda. Porque será? Porque é que a Irlanda é levada a sério e Portugal não? Nós não somos levados a sério porque, contrariamente ao genuíno português, eles não andam a dormir, são governos a sério e têm Presidentes a sério. São responsáveis, sabem o que é gerir recursos de um país e não o colocam em risco, nem a sobrevivência dos seus cidadãos, e já nem estamos a falar do seu bem-estar mas da sua sobrevivência. É por tudo isto que até estou grata ao Presidente checo. Disse o que precisava ser dito. E o Presidente ouviu o que precisava de ouvir.
De qualquer modo, já nada espero desta República onde o nível do programa é o da barbárie, onde já não se vê qualquer respeito pelas instituições-chave do regime porque já perderam toda a credibilidade, e onde a linguagem mais rasteira caracteriza as relações institucionais. Bem pode sorrir o Presidente, ausente da noção da responsabilidade que o seu cargo lhe conferia, que não há razões para isso… teve 5 anos para intervir, fazer valer os seus poderes, ainda que limitados, mas fazer qualquer coisa, ainda por cima sendo economista…