… devo dizer que tenho andado afastado destas lides bloguísticas não por falta de interesse ou assunto, mas por um anormal incremento de coisas para fazer e pouquíssimo tempo disponível. Claro que isto do não ter tempo é uma desculpa manhosa. Nós temos sempre tempo para aquilo que realmente queremos, ou necessitamos imperativamente, mas o refúgio neste lugar comum é também, e acima de tudo, genético.
Um padre conhecido, certo dia e em resposta a alguém que se queixava de não ter tempo para orar, perguntou-lhe se ele arranjava tempo durante o dia para ir à casa de banho. Claro que sim, replicou esse alguém. Então, disse-lhe esse sacerdote, utiliza exactamente o mesmo tempo (não o mesmo local, evidentemente) que despendes durante o dia nessa necessidade para o teu encontro com Deus. Umas vezes lembro-me destas palavras, outras vezes esqueço-me delas. Para além do tempo, muitas vezes também não temos memória. Outra falha genética.
Farmácia Central 
André
Depois do impacto inicial dessa comparação oração-necessidade fisiológica, apercebi-me do seguinte: a oração só passa a ser assim necessária na nossa vida quando percebermos que é o tempo-espaço de parar e simplesmente sentir a verdadeira existência, simplesmente ser.
É nesse espaço-tempo que descobrimos soluções e possíveis caminhos, é uma fonte de inspiração, é a melhor parte de nós.
Ana
O local pode ser o mesmo, o WC, desde que esteja lá só um indivíduo e a sua firme intenção seja aquela e não outra, naquele instante ou sequência de instantes (de preferência no escuro e sempre em silêncio).
Obrigado pelos vossos comentários.