Vendo a cobertura jornalística da cimeira da NATO primeiro perguntamo-nos se os nossos jornalistas estão com ideia de que esta é a primeira cimeira da NATO nas últimas décadas, se não mesmo da criação da alianta atlântica. Talvez estejam mesmo com essa ideia, mas deixem-me que os desengane: já houve outras cimeiras da NATO; foram aqueles acontecimentos que mereceram umas poucas polegadas nas secções Internacional dos jornais e que nas televisões, excepto em casos de manifestantes que provocaram pancadaria, não passaram de notas de rodapé.
Depois percebemos, pela importância que a nossa comunicação social dá ao evento só porque decorre em Lisboa, a razão do sucesso de José Sócrates, apesar de ser, fazer e dizer o impensável, aqui pelo rectângulozinho atlântico – que já apelidou uma cimeira que não se sabe que resultados terá de ‘histórica’, com o mesmo sorriso de técnico de vendas e a mesma precisão com que decretou que os problemas do ensino se resolveriam com o quadro electrónico e com o Magalhães, a mesma visão com que nos informou que o défice salvou o mundo, a mesma coerência com que defendeu que o investimento público era essencial para combater a crise económica e de seguida argumentou ser necessário cortar no investimento público para sair da crise económica, e mais umas trapalhadas que me escuso de especificar.
Nota: neste momento, a notícia de que Obama beijou a filha de Amado é a que tem maior destaque na página do DN.
Acrescento: Além de, não sei por que razão, não conseguir colocar o link para o DN, reparei que posso ter insultado os ténicos de vendas comparando Sócrates com estes profissionais. Esclareço, portanto: tenho o maior respeito pelos técnicos de vendas e estou certa que a esmagadora maioria é significativamente mais séria do que o pm, mesmo se sorridentes em demasia – sorrisos que nos técnicos de vendas se justificam com a tentativa de criar empatia e de não incomodar os potenciais clientes com os agravos da sua vida, mas que Sócrates usa porque é um alucinado e nos toma por parvos.