… estão cheios de incerteza; a verdade, num sentido quase absoluto, é que ninguém sabe, nem pode, prever o que aí vem. Nem em termos económicos, nem sociais, nem políticos, nem civilizacionais, nada. Se todo o Mundo é composto de mudança, como dizia o poeta, essa mudança hoje é completamente indefinível e imprevisível. Caminhamos para o desconhecido, o que pode parecer quase paradoxal (caminhamos para a incerteza ou é a incerteza que vem até nós?), mas na realidade não é.
Serve o intróito para afirmar que a única pedra basilar que resta é a Igreja, porque essa professa a Verdade, celebrada com uma intensidade especial este Domingo que passou – último do ano litúrgico – Solenidade de N. S. Jesus Cristo, Rei do Universo. E escrevo isto, não por estar especialmente animado por um sentimento de missão (que alguns chamariam de proselitismo) ou por ter tido uma epifania assombrosa (que outros, ou os mesmos, titulariam de sobrenatural), mas porque, se é certo que caminhamos para o desconhecido, não é menos certo que caminhamos para o Natal. E esse caminho tem mais de dois mil anos, e em todos esses mais de dois mil anos continuamos num caminho que é sempre diferente, e é ao mesmo tempo sempre igual. Como dizia Chesterton, “Any one thinking of the Holy Child as born in December would mean by it exactly what we mean by it; that Christ is not merely a summer sun of the prosperous but a winter fire for the unfortunate.” E hoje, especialmente hoje, por variadas e íntimas razões, é só do que me lembro e quero lembrar.