A visita de Bento XVI a Portugal, em Maio deste ano, tornou-se um acontecimento que pode bem ser definido como um encontro feliz. Num encontro feliz há a alegria do encontro, e uma influência benéfica nuns e noutros. Este encontro alterou a percepção popular do Papa, tornando-o próximo, uma figura afectiva para além da intelectual. E no Papa, colocou um sorriso afável, num rosto até então ansioso e tímido, atormentado pelos casos mediáticos de pedofilia na Igreja.
Também encontro feliz, porque tanto o Papa como o povo português vivem momentos difíceis. O Papa encontrou tempos bem mais áridos, em termos de valores cristãos, e uma Europa a laicizar-se de forma agressiva. O povo português, ao deixar-se arrastar por valores plastificados e artificiais, viu-se abatido por uma situação económica e social precária, e profundamente desmoralizado. Este encontro veio suavizar os desafios que o Papa tinha pela frente, e permitir a um povo redescobrir a sua natureza essencial, a fraternidade universal.
Se repararem bem, há uma mudança no rosto e na voz do Papa, quando discursa brevemente no avião e no aeroporto à chegada, e depois nas homilias e no discurso de despedida. Há um antes e um depois da visita a Portugal. Foi como um segundo fôlego, ganhou ânimo e inspiração. Esta mudança está registada pelas câmaras. No povo português a mudança verificou-se mais ao nível da sua identidade. Redescobriu-se e reencontrou-se. A capacidade de se mobilizar em momentos fundamentais da sua vida colectiva, e os seus valores essencialmente cristãos que o estruturam na cultura da amabilidade.