Por um lado estava o senhor muito preocupado com a reputação de Portugal mundo fora; por outro lado víamos um senhor que acha prestigiante para o país ter um pm que anuncia internacionalmente medidas que, inevitavelmente depois de negociação (e só gente muito maldosa não supõe que o pm quer mesmo negociar), teria de corrigir com a mesma visibilidade.
Por um lado um senhor disse com ar entristecido que convidara todos os partidos para uma coligação ou acordo parlamentar; em contraste, ouvi um senhor em tudo semelhante ao anterior reconhecer que a ‘negociação’ (isto, vamos a ver, ainda é um problema de dicionários) com os restantes partidos não incluía o pormenor insignificante do programa de governo, que teria de ser o socialista.
Ou vi um senhor afirmar que nada faria para provocar uma crise política. Um senhor de feições iguaizinhas, há uns meses, quando não seria possível a realização de eleições rapidamente, ameaçava com a demissão do governo se não lhe aprovassem o orçamento, não se incomodando de deixar o país pelo menos oito meses sem governo no meio de uma crise de financiamento.
Uma coisa é certa: o PSD deve deixar o PS autodestruir-se. Não viabiliza mais nada (explicando, claro, as suas razões) e o PS que se coza com estas linhas ou apresente uma moção de confiança ou se demita o governo. Por muito que tentem colocar a culpa da instabilidade no PSD e que o Luís Delgado acredite, afinal quem governa é o PS, quem fez o diktat do novo pacote de austeridade foi o PS e quem tomou a iniciativa de provocar a crise política foi o PS.