Gosto de lhe chamar assim, cultura da amabilidade, à cultura baseada no respeito mútuo, a melhor base da convivência e da organização de uma sociedade.
André Abrantes Amaral refere esta cultura em Cortesia, n´O Insurgente, a propósito da atitude dos japoneses perante uma tragédia desta dimensão. O povo japonês já me tinha surpreendido diversas vezes, uma delas depois da tragédia de Kobe. Trata-se de um exemplo para outros países e culturas, de uma forma de viver em comunidade que torna agradável a convivência. Mas mais do que isso: é a melhor forma de uma sociedade se organizar, equilibrada e próspera.
Os nossos olhos estão, pois, postos no Japão. Desejamos ansiosamente que a situação fique controlada, que as fugas de radiações sejam finalmente controladas. A situação pareceu-nos de facto muito grave quando vimos o Imperador a dirigir-se ao povo. Este elemento estruturante é fundamental: há uma voz que os une, uma presença, um símbolo de unidade e coesão.
E no entanto, também aqui, neste país tão avançado tecnologicamente, os políticos falharam ao omitir às populações informação importante sobre os riscos destas instalações. Este pormenor parece-me interessante: os políticos assemelham-se em todo o lado.
O respeito pelos outros está sempre ligado ao respeito por si próprio. Quem se respeita a si próprio respeita o seu semelhante. Terá de se começar por aí.