Rapidamente, alguns temas relevantes:
1. Os resultados das eleições:
Quase 1 em cada 2 Portugueses preferiu borrifar-se para o assunto. Provavelmente serão aqueles que veremos nas próximas manifestações de rua na Av. da Liberdade, ou com os Homens da Luta, ou a fazer greve numa qualquer 6ª Feira em que possam gozar de um fim de semana mais comprido…
Quanto aos partidos, o PSD acabou por ter uma votação acima das expectativas, contrastando com uma votação abaixo do limiar mínimo de 30% do PS, que toda a gente dava por adquirido.
Sócrates, mesmo com todos os defeitos que se lhe reconhecem, soube estar e soube tirar as devidas consequências dos resultados. Até no momento em que decidiu fazer o comunicado esteve bem. Curiosamente, o momento da sua capitulação é um dos momentos em que melhor esteve nos últimos tempos.
Por oposição, o BE e a CDU não podiam estar pior. Na boa tradição da esquerda, recusaram reconhecer a derrota e insistem numa visão em bater num ceguinho cujo pensamento foi recusado nas urnas.
Por fim, uma palavra aos pequenos partidos, nomeadamente o MEP (um nado-morto), o Partido dos Animais (cujo resultado é, no mínimo, insólito) e para o eterno candidato Garcia Pereira, que todos já antevemos como novo candidato a qualquer coisa no próximo acto público.
2. O futuro do PS
Merece destaque enquanto tema relevante pelo peso que tem no Parlamento.
Apesar de não ser simpatizante, é importante para todos que o PS resolva rapidamente as suas querelas internas e se coloque tão rapidamente quanto possível do lado da solução.
3. Os desafios para hoje e para o futuro
Nenhures ganhou um novo ponto no mapa. Hoje, os meios de comunicação social estão em peso num qualquer ponto perdido no mapa até hoje, entrevistando a família, os vizinhos, o cão e todos aqueles que numa qualquer terriola perdida queiram os seus 15 segundos de fama só porque o nosso PM algum dia lá viveu quando em pequenino veio de Angola.
Fazendo um pouco de futurologia, quando o filão nortenho secar, Massamá será previsivelmente a próxima Meca dos nossos media.
Neste momento PPC vai ter que ultrapassar dois desafios no imediato, para conseguir lançar as bases de um novo governo. Por um lado, negociar com o CDS a divisão das pastas e por outro conseguir serenar alguns barões do PSD que já guardaram as facas que tinham preparadas para lhe espetar nas costas e que agora já afiam os dentes aos inúmeros lugares que se abrem.
Espero que o consiga fazer com sucesso e acima de tudo que consiga juntar a si pessoas independentes, não partidarizadas e com capacidade técnica, sobretudo nas Secretarias de Estado. Este será um governo onde os políticos continuarão a ter o papel principal (cabe-lhes dar a cara pelas políticas levadas a cabo), mas onde a qualidade dos técnicos fará a diferença entre o sucesso e o fracasso. De nada serve ter boas ideias e boas intenções, se depois não tivermos que as consiga implementar com eficácia.
Depois dessas duas fases passadas, poderá então preparar o caminho para cumprir o plano a que Portugal está comprometido e preparar o nosso pulmão económico, sem descurar os aspectos de coesão social e respeito por aqueles a quem o infortúnio bateu à porta.
É que apesar dos desafios que se nos deparam serem essencialmente económico-financeiros, a solidariedade é um valor essencial de vida em sociedade que espero que não fique na gaveta.
4. A constituição do Governo
Hoje nos jornais toda a gente se concentra em saber quem será o futuro Ministro das Finanças.
Será que se isto fosse uma empresa em vias de falir, a nossa principal preocupação seria descobrir quem é que a administração vai nomear como tesoureiro?
É que, se é importante controlar os fluxos de caixa (e a contabilidade pública ainda é sobretudo uma contabilidade de caixa, razão de sucesso das PPP), é tanto ou mais importante saber como é que nos queremos posicionar para o verdadeiro segredo da consolidação: o crescimento.
Daí que enquanto outros se preocupam em descobrir o tesoureiro, eu fico bastante mais expectante para saber quem serão os futuros ministros da Economia, dos Negócios Estrangeiros e do Mar, e quais os poderes que e atribuições cada um terá.
É que enquanto ao primeiro cabe o desenho da nossa estratégia económica, os outros dois têm nas mãos dois motores de desenvolvimento de médio prazo: o investimento público, os incentivos às empresas, as exportações e a nossa plataforma continental (neste momento com muito trabalho para fazer).
Hoje é sobretudo um dia de esperança! Uma esperança que deveremos saber preservar para não oscilarmos entre a euforia desenfreada e o pessimismo bloqueante. É o momento para nos envolvermos aos vários níveis nos destinos do país e deixarmos de ser treinadores de bancada, críticos profissionais.
E todos aqueles que neste momento sejam filiados num dos dois partidos vencedores, devem manifestar a sua disponibilidade para colaborarem naquilo para que as suas respectivas estruturas partidárias os considerem geradores de valor. Fala quem, infelizmente, entende que não o deve fazer porque não se associou em tempo útil a nenhum desses partidos e que à data de hoje entende que o devia ter feito, mas recusa ter uma postura igual aos oportunistas que criticou.
Desculpe, mas não concordo com uma das suas apreciações.
O discurso da derrota é um exercicio de egocentrismo arrogante, bem ao estilo do, felizmente, ex-PM.
Independentemente da forma de estar que caracterizou o nosso ex-PM no passado recente, continuo a considerar que ele esteve bem tanto nas palavras que escolheu (responsabilizando-se por alguma coisa pela primeira vez em muito tempo), como nas consequências dos resultados, como ainda no momento escolhido para fazer aquela declaração, antes de conhecidos os resultados finais.
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