Disse há pouco, na SICN, José Gomes Ferreira que o governo (qualquer governo) não devia ir pelo caminho de alterar o recebimento do IVA para o momento do recebimento do pagamento da factura, substituindo o actual recebimento aquando da emissão da factura. E porquê? Porque assim, argumentou, as empresas deixam de ter incentivo para pedir o pagamento das facturas. Pois é mesmo isso: eu tenho um cliente que me deve 1230€ por uma factura qualquer. Se receber, tenho de pagar 230€ de IVA ao Estado e, porque não quero pagar os tais 230€, também não tenho interesse nenhum em receber a porção da factura – os 1000€ – referentes ao pagamento dos bens que vendi ou dos serviços que prestei. Não é inteligente? Fica por explicar, já que eu e todos os empresários deixaríamos de ter incentivo para cobrar as dívidas dos clientes, com que receitas (que não quereríamos receber) pagaríamos os ordenados, a segurança social, o telefone, a electricidade, a manutenção dos equipamentos, etc., etc., etc. (já para nem falar na distribuição de lucros, de que, só para tramarmos o Estado, prescindiríamos).
Como eu gosto sempre de ouvir gente que nunca teve de se preocupar com a gestão de tesouraria de uma empresa teorizar sobre o que deve ser a minha vida como empresária. Também estamos neste pântano porque os nossos opinadores têm estas ideias tão sensatas.