A peste bovina está longe de ser irrelevante para os seres humanos. Foi culpada por acelerar a queda do Império Romano (1), por ajudar às conquistas de Gengiscão, por perturbar a expansão de Carlos Magno (2), por abrir o caminho para as revoluções francesa e russa e por subjugar a África oriental à colonização. Qualquer sociedade dependente do gado – ou de familiares, como o zebu africano, os búfalos de água asiáticos ou os iaques dos Himalaias – era vulnerável.
A longa mas pouco conhecida campanha para conquistar a peste bovina é um tributo ao conhecimento e à bravura dos veterinários de “grandes animais”, que combateram a doença em áreas remotas e por vezes devastadas pela guerra – através de faixas de território de África maiores que a Europa, no deserto da Arábia e nas estepes da Mongólia.
“O papel dos veterinários na protecção da sociedade está subvalorizado”, afirma Juan Lubroth, chefe dos veterinários da FAO, o organismo das Nações Unidas para a agricultura, cuja sede, em Roma, foi palco da cerimónia de anúncio oficial na terça-feira. “Fazemos mais do que matar mosquitos, dar banho a mascotes e vacinar o Bóbi.”»