… era um liberal empedernido, um libertário maximizado. Poupava meia dúzia de cafés por dia para acalmar a quantidade de nervos (sim, a cafeína faz-me baixar a pressão, ou se calhar não) que os destinos do nosso país me fazem. Acreditar piamente que o Estado não serve para nada era o maior dos ansiolíticos que poderia administrar-me, mas terei de deixar a cura de parte.
O SNS tem de ser universal e tendencialmente gratuito, o ensino básico também – e calhando também o secundário e o universitário. Tem de haver subsídio social para os desempregados e para os mais pobres. Tem de haver transportes públicos com exploração deficitária para promover a utilização racional do carro próprio. Têm de existir para cima de 700.00 funcionários públicos para darem assistência aos 10.555.853 residentes em Portugal continental e nas ilhas adjacentes, vulgo regiões autónomas.
Alguma vez, neste quadro, conseguiremos pagar o que devemos? Evidentemente que não!
…
(Nada que mais uma bica não acalme já de seguida.)
Portugal precisa mesmo de liberalismo. O problema é que não basta ter um governo liberal. É preciso também que a sociedade seja liberal – que as pessoas tenham autonomia, sejam empreendedoras e tenham iniciativa sem estarem sempre à espera da ajuda do estado. E isso, infelizmente, não temos. Por isso não será fácil sair deste buraco.
Sim, muito passa pelas nossas atitudes. O célebre mudar de vida. Obrigado pelo seu comentário.