Se queremos melhorar a nossa vida colectiva precisamos de uma profunda mudança cultural. Não em forma mimética como até aqui: vejam os alemães, vejam os nórdicos, vejam os ingleses… nada disso. Nem se trata sequer de negar partes menos saudáveis da nossa cultura. Mas apenas recuperar a cepa mais saudável. E continuar a partir daí.
Somos criativos. Cepa saudável: inventamos novas soluções, somos curiosos, engenhosos. Cepa menos saudável: somos infantis, imaturos e fantasiosos. Construimos a partir da cepa mais saudável.
Somos pequeninos. Cepa saudável: damos conta de todos os pormenores. Cepa menos saudável: somos picuinhas, mesquinhos. Devemos partir da qualidade e não do defeito.
Somos sonhadores. Cepa saudável: a imaginação pode ser um bom ponto de partida. Cepa menos saudável: ficar pelo sonho e não iniciar nada. Transformar o sonho em acção consequente.
Somos materialistas. Cepa saudável: a ambição de expandir o seu pequeno mundo, de crescer, nunca prejudicou ninguém. Cepa menos saudável: a inveja e o arrivismo. Crescer e deixar crescer à nossa volta é o caminho.
Somos espertos, vivaços, mas não somos verdadeiramente inteligentes. A inteligência por cá é um bem precioso, poucos são os que podemos classificar nessa dimensão e estão quase todos lá fora. Aqui não poderiam exprimir-se, desenvolver-se, evoluir como pessoas e profissionais. Esta é a nossa maior limitação. É por essa falta de inteligência que nos organizamos colectivamente de forma corporativa e medíocre. Assim não vamos lá.
Identificada a nossa principal limitação cultural, nada mais tenho a dizer sobre o assunto. Passo a outros assuntos bem mais animados e divertidos: cinema, livros, casa, jardins, artesanato, o que vestir, onde ir, onde ficar, turismo cultural, vida saudável, rotinas estruturantes, as crianças, os adolescentes, a família, as mulheres hoje, etc. etc.