Como em qualquer farmácia, temos o frasquinho certo e adequado para cada situação: cansaço, desilusão, ansiedade, pânico, confusão… é só pedir. A música tem o primeiro lugar nos armários.
Mas há dois exemplos magníficos que me deram a certeza do seu papel na verdadeira sobrevivência, um novo fôlego. Dois músicos: o veterano, conhecido e premiado compositor da folk rock country music, Gordon Lightfoot, e outro mais jovem, que vem da new wave, e também premiado, Edwyn Collins.
Ambos ultrapassaram as limitações próprias de uma alteração súbita nas suas vidas, e se sobreviveram e enfrentaram o desafio da recuperação foi pela música, família, amigos, e voltar a pisar o palco, voltar a compor, acabar o álbum. É isso que os inspira. Vemos o seu olhar brilhar para lá do imenso esforço e tempo próprios da recuperação.
Gordon Lightfoot numa entrevista de 2007, no seu regresso ao palco mas ainda em recuperação:
Gordon Lightfoot é mais conhecido pelas suas composições dos anos 70, como Sundown e If you could read my mind. Foi ao retomar-lhe o rasto que descobri outras composições verdadeiramente incríveis como Canadian railroad Trilogy, Black Day in July, Apology, Protocol.
Escolhi duas composições do seu álbum “Harmony” de 2004, o tal que estava por concluir quando tudo sucedeu, para observarem que a chama se mantém acesa mesmo quando o tempo deixa sulcos e cicatrizes: Clouds of Loneliness e River of Light.
Gordon Lightfoot refere na entrevista acima que prefere o genuíno ao comercial. É uma opção. Por isso, gostei tanto desta frase: I don’t want the beauty commercial to be my epitaph…