Fui ver hoje o vídeo das já famosas declarações de Isabel Jonet e declaro-me pasmada. Estive os seis minutos a ouvir a senhora, pensando ‘é agora que vem o incontável’ e, afinal, nunca veio nada se não umas declarações inócuas e sensatas. Se a esquerda tolinha por agora se tem de agarrar, para denunciar o escândalo, a declarações sensatas, está verdadeiramente num estado indigente.
Mas como já se tem escrito, o que incomoda a esquerda não são as declarações de Isabel Jonet: é a própria Isabel Jonet (como de resto se vê no ódio dos textos que produzem). Ora elenquemos. Isabel Jonet é católica e mãe de família numerosa – péssimo começo; muito melhor se fosse uma feminista radical que declarasse já ter feito vários abortos. Tem uma vida privilegiada – a vida privilegiada não é problema, mas seria preferível se a tivesse alcançado através de negociatas com o estado ou de tráfico de influências. Trabalha em regime de voluntariado – onde já se viu tal desrespeito por quem tem de trabalhar a troco de um ordenado?! Preside a uma organização que vive dos voluntários, resulta devido a donativos de famílias e empresas e, efectivamente, ajuda dezenas de milhar de pessoas diariamente dando-lhes comida – verdadeiramente inaceitável! Alguém que pratica a caridade e incita outros a fazer o mesmo. Uma delinquente. A ser enxovalhada e demitida. Quem prega que se tire a uns para dar a outros mais pobres, de caminho alimentando clientelas diversas, crimes, desperdícios e por aí adiante, mas que não dá nada a ninguém, esse, sim, é virtuoso e não duvideis que alberga a solidariedade no coração. Que alguém dê o seu dinheiro ou o seu tempo a outro que menos tem faz, claro, uma afronta a quem recebe. E, sacrilégio!, Isabel Jonet conhece mesmo os pobres e os seus problemas; não sabe que os pobres só se devem conhecer enquanto categoria intelectual e através de Dickens, Soeiro Pereira Gomes e Manuel da Fonseca.
Enfim, a imbecilidade dos ataques a Isabel Jonet está, lamenta-se informar e apesar do efectivo peso dos ‘pandeiretas’ no meio comunicacional (que faz com que seja também um serviço prestado à comunidade mandar os ‘pandeiretas’ dar uma volta sempre que necessário) , condenada. Por mais que se tente não vão conseguir – como nenhuma experiência comunista ou socialista conseguiu – mudar a natureza humana. E dita a natureza humana que alguém se sinta reconfortado quando ajudou quem precisa – como o país em peso teima em fazer a cada campanha do Banco Alimentar. Já que alguém se sinta bem quando paga impostos, pensando que com os seus impostos a pobreza de outro vai ser reduzida, para que isso suceda – em vez de as pessoas naturalmente cogitarem que a quase totalidade do dinheiro estaria melhor no seu porta-moedas e que os impostos alimentam mais a máquina que os pobres – desejo boa sorte à esquerda.
O país e os portugueses estão loucos, daí que não apreciem quem fala de forma sensata.
Maria João Marques subscrevo inteiraamente o seu artigo e acrescento que deve ser caso único na Europa o facto de numa convenção de um partido político dois dos seus dirigentes tenham gasto o tempo que seria normalmente usado para discutir ideias e apresentar projectos a atacar e a criticar uma pessoa que não pertence a um partido, que que nunca exerceu cargos governamentais mas que se limita pura e simplesmente a exercer um acto civico e de solidariedade e que tem obra para mostrar e que faz a diferença, o que presumo incomoda singularmente estes “filhos de Rousseau”.
Kruzes, pois, é mais ‘sensato’ matar estas manifestações da sociedade civil, sobretudo se vierem de gente católica, do que falar sobre a realidade.
Helena, dá para ver o que move o BE. Agora que se acabaram as causas fracturantes, se calhar estão a ensaiar para atacar novos alvos. Em nome do progresso e da modernidade, obviamente.