A economia ao serviço da finança. A política refém da finança. A Europa do euro seguiu esta visão, provavelmente logo desde o início. Talvez assim se explique a irresponsabilidade dos gestores políticos gregos, espanhóis e portugueses não ter sido travada a tempo. Todos sabiam, todos deixaram andar até à situação de dependência.
É agora evidente que a Europa do euro se apresentou aos cidadãos como um projecto económico mas que sempre foi um projecto financeiro. De outro modo, como é que os seus grupos de interesse iriam sobreviver em economias saudáveis? Os cidadãos teriam uma palavra, uma intervenção. Iriam querer votar referendos, iriam querer saber para onde vão os seus impostos. Agora já sabem.
Os programas de ajustamento dos países em apuros seguiu esta lógica. Cada tranche vai significar mais dependência, porque é esse o plano. Se não fosse esse o plano os programas de ajustamento teriam tido algum resultado positivo. Mas não têm: o défice aumenta, a dívida sobe. Logo, o que está a ser ajustado não é o défice nem a dívida como nos queriam fazer crer, mas os cidadãos, o próprio país.
Colocar os cidadãos europeus ao nível salarial dos chineses (uns a descer drasticamente, os outros a subir gradualmente) só pode encaixar-se numa “economia global” e numa organização mundial em que o poder dos governos está ao serviço de alguns grupos financeiros. Nesta lógica, há a possibilidade de escolher os melhores que perpetuam a sua lógica (as elites) e o máximo lucro com o mínimo investimento (baixos salários para as massas).
Isto parece tirado de um filme, não parece? Quem pode desejar para a maioria dos cidadãos europeus a fome, a sobrevivência ou a mediocridade para os que tiverem mais sorte? É para esse cenário que estamos a caminhar. E nesta lógica financeira não há cá lealdades entre países, acordos, tratados, nem os cidadãos são considerados. Nesta lógica só valem os recursos que importa esgotar até ao limite com o mínimo de investimento.
Nesta fase da nossa vida colectiva em que a economia está ao serviço da finança e em que os cidadãos têm de ser criativos para sobreviver, começam a surgir novas formas de manter a vitalidade das comunidades. A economia é precisamente a expressão da vitalidade de uma comunidade.
O site Crowd Funding Networks é uma forma de promover projectos que, de outra forma, ficariam por concretizar. Todos ganham neste contrato. Igualmente promissora a Rede Social Portugal-Brasil.