Vi ontem à noite a entrevista de sócrates. Ora bem:
1. Fiquei com mixed feelings com a utilidade da coisa. Percebo o interesse jornalístico da entrevista, e a circunspeção do entrevistador que quer deixar o entrevistado contar a sua versão da história, mas a verdade é que o resultado foi penoso. Vítor Gonçalves pôs sócrates na ordem algumas vezes, e até acredito que haja alguma dificuldade em confrontar um mentiroso impenitente que insiste em viver numa realidade alternativa. Mas para quê dar tempo de antena àquele exercício de aldrabice escancaradamente evidente sem que tal tenha sido chamado de aldrabice?
2. Adorei. Achei lindo, arrebatador mesmo, quando sócrates, mostrando as suas ‘provas’ – para contrapor às ‘alegações’ do MP -, nos quis convencer que umas palavras de Armando Vara eram credíveis para o que quer que fosse. Ou que não fora ele a escolher Vara, mas o ministro das finanças. (A carta de demissão de Campos e Cunha que estava em casa dele conta outra versão, mas a sócrates interessam mais os factos alternativos). Ou que Santos Silva lhe tinha emprestado quantias pequenas. (??????) Ou, a minha preferida, querendo mostrar o papelinho da abertura de uma conta de Santos Silva como provando o que quer que fosse. E argumentando, aparentemente sem estar charrado, que o MP nunca dissera a ninguém que as contas estavam em nome de Santos Silva e não de sócrates.