Os 7 pecados mortais (4º episódio: os limites da cultura corporativa)

Se a cultura corporativa conseguisse respeitar a simples dinâmica de uma organização – o equilíbrio -, talvez se conseguisse manter sem grandes problemas, pois poucas seriam as pessoas a aperceber-se da sua natureza corporativa. Digamos que passariam incólumes pelas diversas mudanças partidárias. Mas no ADN da cultura corporativa está precisamente o desequilíbrio, ao implicar à partida uma divisão muito clara entre um grupo dominante e os outros (pecado: soberba), com privilégios e tratamento diferenciado. Logo, é nesse desequilíbrio, provocado pela soberba, que está a génese dos outros pecados. E é esse desequilíbrio que a levará a confrontar-se com os seus próprios limites.

Assim, quais são os pecados em que a cultura corporativa exagerou e, ao fazê-lo, tornou visível a sua verdadeira natureza?

a gula, isto é, a “voracidade boçal”: sorver tudo, própria do insaciável, do insatisfeito. Ao esgotar todos os recursos existentes (fisco, despesa a disparar, buraco do BPN, desvarios vários, buracos ainda desconhecidos, negócios e negociatas, etc.), e futuros (parcerias público-privadas, estradas de portugal, dívida e défice), comprometeu a sua própria fonte de rendimento e o seu maior alibi, a “crise internacional”. De caminho, comprometeu igualmente a soberania nacional, a recuperação económica do país e o futuro das novas gerações;

a avareza, isto é, o medo de perder o que se possui: combina com apego, escassez, pobreza. Ao querer manter a todo o custo privilégios e mordomias – na fase em que já não há recursos disponíveis, vivemos de empréstimos, e em que parte da população já está na pobreza e outra parte para lá caminha, com crianças e idosos a passar fome, em que a Igreja já não tem mãos a medir para ajudar os que recorrem para refeições e outros apoios -, foi a fotografia com flash e tudo. Mesmo que se apelide de democracia, todos percebem agora que alguma coisa está mal, e que de democracia, a cultura corporativa tem muito pouco.

A gula e a avareza levam, necessariamente, à pobreza e à tirania. Porquê? Porque contrariam toda a lógica da vida, da energia vital, de uma economia saudável e próspera. Ao condicionar e limitar a economia, retiram-lhe a vitalidade. A economia vive de trocas, de negócios, de colaboração, de dinamismo, de criatividade, de investimento, de confiança, de gestão de expectativas, de qualidade de produtos, de informação fiável, de produtores-criadores e clientes. A partir do momento em que este circuito é adulterado e deformado, já teremos problemas. E como uma economia com problemas não cria recursos para todos e os que dominam o jogo não querem abdicar dos poucos que restam, temos problemas ainda mais graves. É nesta fase que estamos agora: a fase da pobreza, da escassez, da perda de confiança, do medo, do desequilíbrio social acentuado, do desânimo e da revolta.

Os verdadeiros pilares da estabilidade nacional e da coesão social, os que têm segurado as pontas desta situação-limite, têm sido a sociedade civil, a Igreja e o CDS na AR. E também alguns municípios. Não vejo mais nenhum a tocar nas questões essenciais, com iniciativas concretas, trabalho no terreno, dedicação diária e sistemática. Podemos ouvir algumas palavras de circunstância, mas isso não muda nada.

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