Eu já pretendia escrever sobre o tratamento dado a Sarah Palin nas eleições presidênciais no Atlântico (aliás já tinha referido que houve algo indecoroso nestas eleições), ainda não tive tempo, mas com a leitura dos comentários a este post do Nuno Gouveia, tenho que escrevinhar qualquer coisa já (garanto que fica mais qualquer coisa para depois).
Sarah Palin fez a sua carreira política a pulso, sem dever favores a ninguém, chegando a Governadora do Alaska bastante nova, onde tem uma taxa de aprovação de 80% e onde tem governado com o apoio dos republicanos moderados e dos democratas e em constante conflito com os republicanos mais à direita. É bem sucedida profissionalmente, tem uma vida familiar estável e aparentemente feliz (e nos maiores dos sobressaltos, o que é revelador de uma força interior notável) e o testemunho de todos os que a conhecem e concordam em revelar o nome é o de uma pessoa encantadora, graciosa e espertíssima. Não se apresenta como uma intelectual (provavelmente porque não é), mas tem um degree em jornalismo e não consta que o tenha obtido na Independente. Como foi por demais evidente durante a campanha republicana, Sarah Palin é dona de um carisma fulgurante que arrebata multidões de uma forma que nem Obama consegue. E, por fim, sobreviveu com graça e elegância aos ataques mais ferozes e baixos da campanha, renascendo das cinzas todas as vezes que foi necessário, usando sempre de um sentido de humor admirável – eu admiro sempre quem sabe ter como objecto do sentido de humor o próprio.
Tudo no percurso de Palin aponta para uma mulher muito dedicada, que persegue os seus objectivos com ética e com competência, muito inteligente e com grande capacidade para criar empatia com os outros. E estas características são a terra onde os melhores políticos se cultivam.
Contudo Palin é mulher, é bonita, era desconhecida e é crente – apesar de não referir muito Deus excepto em alguns momentos de decisão pessoal e de não ter seguido uma política muito conservadora quanto aos valores no Alaska. Um alvo a abater, portanto, contra quem ainda se encarniçam o Washington Post e o NY Times. Considerando que Palin de facto não tem (ainda) experiência para ser VP ou presidente dos EUA – coisa que não se lhe pode levar a mal, tendo ganho o novato Obama, que teve experiência no Senado do Illinois e mais 2 anos de trabalho efectivo no Senado, sendo os últimos dois anos passados em campanha – o que é que as pessoas ‘inteligentes’ do mundo inteiro deduziram? Que Palin é burra, incapaz e uma perigosa extremista da direita religiosa. Abstenho-me de comentar…
Quanto à culpa de Palin na derrotra de Mccain, leiam os linkes abaixo, se faz favor, que não tenho mais tempo para escrever:
“69% of GOP Voters Say Palin Helped McCain”
Ambos nos Rasmussen Reports.
Se Sarah Palin quiser ser uma muito séria concorrente nas primárias republicanas dos próximos quatro ou oito anos basta-lhe estudar um bocadinho. Coisa que, tenho a certeza, fará com facilidade e brilhantismo.
Desde o primeiro discurso na Convenção que Sarah revelou uma capacidade em palco quase tão burilada como Obama(a única qualidade que se descobriu nele até hoje), como escrevi logo no meu blog.
Se olharmos para as votações dos “ban same sex-marriage” na Califórnia e Flórida é caso para dizer que os valores ditos “conservadores” estão muito bem cotados, principalmente pq Obama ganhou nesses Estados.
Creio que Sarah tem hipóteses de ganhar a Obama, se este fizer asneiras na Segurança-como é previsível.
Fui ler os comentários que indicou e não há dúvida: pura xenofobia!
Sarah é acusada de não estar preparada(E OBama?) pq, no fundo, é Cristã. De ser ignorante pq é Cristã! Se não fosse Cristã, nada disto inventavam.
Hoje na MSNBC havia desmentidos de assessores de McCain.
Mas permanece a pergunta: pq e donde toda esta campanha?
Sátiro, tem toda a razão e bateu mesmo num ponto funadmental: se os democratas tentarem fazer passar a sua agenda progressista de valores, como adopção por casais do mesmo sexo, facilitar ainda mais o aborto, se dificultar a expressão da religiosidade dos americanos em funções públicas e até estatais, se ignorar em demasia as questões éticas que se colocam em algumas investigações científicas, então vão comprar uma guerra cultural e não há dúvida que uma guerra cultural é ganha pelos conservadores.