O desprezo que as elites mediáticas nacionais revelam pelo cidadão comum

As chamadas elites nacionais mediáticas, que se movimentam nas televisões a tentar formar a opinião pública, revelam um profundo desprezo pelo cidadão comum. Pavoneiam-se com o maior à vontade no seu pequeno mundo de mútuas dependências, considerando-se acima das regras dos comuns mortais e, com a maior das perversidades éticas e morais, enganam-no duplamente: primeiro, com o discurso de falsa empatia com a sua situação precária, depois com a manipulação mais oportunista da opinião pública. As verdadeiras elites não se comportam assim.

Neste momento interessa-me analisar o comportamento das elites nacionais e não das internacionais, embora pudesse pegar igualmente na atitude irresponsável de uma senhora Lagarde, que claramente não tem perfil nem está à altura do lugar que ocupa no FMI. Mas prioritário mesmo é analisar o comportamento irresponsável das elites nacionais.

Porquê? Porque numa fase tão precária como a que estamos a viver, independentemente da forma como chegámos até aqui, a pior coisa que se pode fazer é criar instabilidade política e social que se vai reflectir na instabilidade financeira e económica. Não lhes chega o exemplo magnífico da recente recolha de alimentos do Banco Alimentar, que envolveu imensos cidadãos numa rede de partilha solidária? Em que todos quiseram participar, mesmo os que recebem apoio social?

O mais perverso disto tudo é o profundo desprezo que estas elites revelam pelo cidadão comum. Sabem que, na fase actual, uma movimentação no governo, ou uma perturbação social, teria efeitos negativos na estabilidade necessária à construção de uma imagem de confiança que o país quer dar aos mercados. E sabem que há pessoas a pagar um preço muito elevado pela situação financeira desastrosa a que o país chegou. O que estas elites, que se pensam acima de todas as regras de convivência saudável numa democracia digna desse nome, estão a provocar com as suas intrigas televisivas coloca em risco um equilíbrio social que se tem de procurar, pois é fundamental para a viabilidade do país.

O cidadão comum pode legitimamente questionar: Quem responsabiliza os elementos de uma elite mediática nacional que servem motivações de grupos que não funcionam nas leis claras do mercado e que, por isso, não se inibem de tentar manipular a opinião pública? E quem responsabiliza a comunicação social por se colocar ao serviço dessas motivações pouco claras?

No “Justiça Cega?” de ontem, na RTP Informação, Moita Flores chamou a esta construção recente da intriga mediática “açorda” e “sopa juliana”. Mete-se tudo no mesmo saco, embrulha-se e mistura-se bem, serve-se ao público assim, sem separar os elementos, ignorando os factos, e está tudo pronto a consumir acriticamente. Refiro aqui a intervenção de Moita Flores porque foi o interveniente que, apesar de constantemente interrompido (o que é sinal da pertinência do discurso do interveniente), revelou mais clareza de raciocínio, tranquilidade e sensatez.

Um breve exercício como TPC:

– observar os comentadores televisivos e verificar os seus níveis de ansiedade e nervosismo pela frequência dos seguintes comportamentos: tiques, movimentar-se na cadeira, elevar a voz, interromper os outros, etc.;

– registar a frequência destes comportamentos como um indicador do nível de ansiedade;

– validar esta relação ansiedade-motivação e motivação-parcialidade, através da observação de vários comentadores em diversos programas de diferentes canais televisivos;

– finalmente, depois de muitas observações e comparações, verificar se sim ou não este registo comportamental ajuda a identificar a parcialidade dos comentadores televisivos.

Um próximo TPC terá já a ver com o conteúdo da mensagem, a qualidade dos argumentos, a sua fundamentação, factos apresentados e validados, etc. Mas para já, a observação directa já nos dará muitos elementos para analisar e comparar.

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